21 de set. de 2014

Das ofensas racistas que Aranha sofreu em campo e o moralismo que permeia o debate social do caso



Encucado aqui com o porque desta imagem não ter sido tão difundida quanto a da garota que chamou o goleiro Aranha de macaco. A ofensa desta imagem é dirigida também ao goleiro, no reencontro da torcida do grêmio com Aranha, após a "polêmica" (como a grande imprensa gosta de tratar)... Será que é por que é mais fácil (por machismo) atacar uma mulher? Não que ela não merecia ter sido exposta, penso que temos que expor os algozes, os violentos, e toda opressão/opressor que identificarmos. Mas por quê só ela foi exposta. O ódio que a exposição dela causou nos corações de tanta gente, inclusive racista (tenho certeza), imagino que não tenha sido, em muitos casos, por solidariedade ao Aranha, a todos os negros, ou levando mais a diante, a todos "não brancos" que se viram, e se vêem sempre, ali naquela arena, rodeadas, atacadas por todos lados, diminuídas...


Bom, pensando na fúria dirigida à garota que, como disse, creio ser também nutrida por muitos racistas, vislumbro outra hipótese: o racismo não têm espaço para ser discutido na grande mídia nem entre uma esmagadora parcela da sociedade, o que se discute é a moral, as pessoas não evitam ser racistas por empatia, solidariedade, respeito, ética... por nada disso, o que elas, em geral, evitam é serem imorais. E, em algum momento da história do país, xingar de macaco passou a ser considerado um ato feio, errado, absurdo, obsceno - uma conquista importante para que as pessoas não sejam ofendidas e rebaixadas a ideia de que são involuídas, motivada por uma crença científica na evolução dos seres vivos. Crença que é permeada de preconceitos sustentados numa noção mesquinha de méritos. Mas voltando: uma conquista importante para que não sejam ofendidas, tanto quanto eram, com o termo "macaco", pequena mas importante, mínima (já que o termo, com tal significado, não será suprimido na nossa linguagem, continuará se propagando, menos, mas continuará) mas não nula.

Voltando a questão moral: o que não pode é ser imoral, não racista. Tanto que o racismo passa batido quando veste roupas que não passam pelo crivo moral da maioria das pessoas, quando é uma ironia por exemplo, como na imagem acima.

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Vídeo onde a imagem aparece: http://glo.bo/XGwguF