17 de fev. de 2012

O CARNAVAL É INVENÇÃO DO DIABO QUE DEUS ABENÇOOU

Deus e o Diabo no El Dorado



Foto: Flora Rajão

Você tenha ou não tenha medo, nego, nega, o carnaval chegou “de conforça” em BH. Há três anos, surgiu na capital mineira uma cena carnavalesca, com blocos independentes, organizada por artistas e produtores culturais da cidade. Essa onda se espalhou e deu origem há dezena de novos blocos, proporcionando, neste ano, duas semanas de farra aos foliões de Belzonte e região metropolitana. Um desses blocos é o Dourados, nome que faz referência ao bairro do Eldorado em Contagem.

Organizado pelo estudante de Arquitetura, militante social e membro do coletivo Rádio Abóboras, Fernando Soares, contando com o apoio do mesmo coletivo, os Dourados se encontrarão na praça da Glória na manhã deste sábado, marcharão pelo Eldorado e seguirão até a praia da Estação, para encontrar com outros blocos. Feito na raça, em cima da hora, o Dourados foi idealizado pelos membros da Abóboras, que organizavam um bloco que se chamaria Corações Psicodélicos. Por falta de tempo e de organização, a proposta foi deixada de lado, mas Fernando, com toda sua empolgação e energia de sobra, graças ao seu Distúbio de Déficit de Atenção, criou uma marchinha, junto com seus amigos Piska, Chiquinho e Divino (integrantes do coletivo), comprou materiais para fazer o estandarte e fundou o bloco, sob as cores azul anil e dourada.



Foto: Fernando Soares

A marcha “ôh Glória!” faz referência à Praça da Glória, principal praça do Eldorado, além de fazer também alusão, em sua letra, às quatro principais vias do bairro. Gravada com dificuldade, foi emocionante ver sua produção: os caras da rádio se juntaram na casa do Divino e gravaram sem, sequer, uma interface de gravação, direto na placa (simples) de áudio do computador do Fernando, em mono mesmo. O Divino convenceu o maravilhoso batera Chiquinho a participar (outro Chiquinho); ele gravou breves trechos de bateria que, devido à má qualidade da gravação, não tiveram total aproveitamento. O Fernando ainda teve que, com toda sua inexperiência, editar e montar os trechos das gravações, replicando um mesmo trecho da bateria em toda a canção.

Os problemas não pararam por aí. No dia da gravação da marcha, não tiveram tempo suficiente para fazer todo o trabalho, então a música saiu sem a gravação de todas as vozes do coro, e sem algumas firulas que entrariam na introdução e em seu final, como gritos, coro e um trompete, pois também trompetista não compareceu. Mas saiu linda no fim das contas, no espirito do Faça Você Mesmo, a gravação está pronta e conta, além da batera do Chiquinho, com um arranjo de guitarra do Divino, que ele mesmo tocou, o vocal do Fernando, e até eu dei uma palinha como vocal de apoio.



(Rafael Barros)