15 de fev. de 2014

Por quê usar máscaras?


Os opressores são violentos e, dada a miséria que nos encontramos, é mais que urgente fazermos algo contra o "globalitarismo" (apropriando o termo do Milton Santos). Talvez a urgência apenas não seja suficiente, porque temendo pelo pior, tendemos a nos conformar com as coisas como estão. Mas, enfim, o caldo tem engrossado, e o povo não espera mais algum messias. 


Creio que o diálogo é a melhor saída para a resolução de qualquer problema. A questão é: como dialogar com quem não quer conversa? Violência gera violência, e como não há palavra, discurso, capaz de servir como pedra nessa engrenagem, que atiremos mesmo pedras. O que muitos enxergam como violência eu prefiro entender como "(contra)violência" - exatamente assim, para não excluir a violência da ação, sim é violenta, mas não a mesma violência do opressor... nem o mesmo tipo, nem na mesma intensidade: uma coisa é destruir objetos e contra-atacar a polícia para resistir, outra é a manutenção de uma violência estrutural, que fomenta e miséria, a perversidade, a injustiça, a morte, a tortura... Bom, mesmo que fosse na mesma intensidade, ainda não seria do mesmo modo: nem estrutural (persistente), nem sádica; da ordem da necessidade, não da vontade.

Na necessidade de insurgir contra o Estado, de fugir às leis para defender a justiça, não podemos ser ingênuos e achar que "quem não deve não teme", como que se os mascarados, só por se esconderem, já estivessem errados. A questão é que eles devem sim. Mas a quem? Esta "dívida" é honesta? 

Existem casos também mais brandos,do que o dos que optam por um enfrentamento direto, que justificam o uso de máscaras. Me lembro de uma moça numa ocupação da CMBH, que usava máscara porque temia ser despedida do emprego, caso fosse flagrada pela câmera de algum veículo de comunicação.

Diante de um inimigo com forte poder de vigilância e repressão, usar máscara se faz necessário. Ela é uma recurso contra o "Big Brother".